Abstraindo o Absoluto Abstraindo o Absoluto - Nu Primeiro Dia

Foi uma menina doce que um dia me pediu pra me ver nu
Não só daquilo que vestia meu corpo, mas também daquilo que vestia meu mundo
“Não foi você que se vestiu assim” - ela me disse triste
Depois sorriu, tirou sua roupa: “Vem comigo” - ela me disse

Um beijo, só um beijo, tem todo o meu afeto
Vou te beijar portanto enquanto te querer por perto
Não falo de sexo, falo de amor
Ingênuo do jeito que viemos ao mundo e puro do jeito que for

E foi essa menina doce que um dia disse que a dor não é ruim
Porque a dor provém um filho nos braços da mãe e nos braços da terra equilíbrio
Ninguém vive só de risos
Sofrimento é dor por opção, essa que o ego criou
Essa que maltrata, abusa, estupra, mata o menor no interior de nós

Porque somos alma, somos agora, somos amor
Porém crianças sufocadas por padrões
Envelhecidos e mesmo podres, reciclados sem pudor
Faz de nós mesmos nosso próprio lobo, em prol de nós mesmos, em prol de ninguém
Somos reféns

Viemos ao mundo pra brincar de improviso e invés disso nos deram um papel pra interpretar
E já havia um roteiro, já havia um figurino e uma plateia pra julgar
E adivinha só, somos tão jovens quanto este momento que nos aprecia
E não decorei as minhas falas portanto não espere na fila
Porque eu sou alma, eu sou agora, eu sou tesão
Porque eu sou alma, eu sou agora, eu sou paixão
Porque eu sou alma, eu sou agora, eu sou calor
Porque somos alma, somos agora, somos amor